Queria a sorte de Inês
capaz de dar-se sem medo
e saber até o fim que o fruto era bom.
Queria a coragem de Dido
que preferiu a pira à ausência.
Queria não entender Werther
destruído por si próprio,
selando sua solidão à pistola.
Mas devo ter as sem-razões de Drummond
e tenho medo de receber seu necrológio.
E sou somente eu, no fim
com pedaços espalhados.
Sem o idealismo fatal de Inês.
Sem a glória ardente de Dido.
Sem a pólvora incandescente de Werther.
Sem a poesia de Drummond.
Sou só eu, coração destruído,
espírito opaco, condenado a viver.
Tendo na memória a matéria-prima
de toda a literatura do mundo.
Que lindo❤️❤️❤️❤️